Custei a perceber que era uma tendência: a quantidade de rapazes de 30 anos ou mais, hoje em dia, ainda vivendo com os pais e sendo sustentados por eles - abdicando da liberdade pelos confortos e conveniências da cama, comida e roupa lavada. Foi para isso que os jovens dos anos 60 fizeram duas ou três revoluções?
Nenhum garoto de 1968 trocaria a canja de galinha do Beco da Fome, em Copacabana, às 4h, pelo toddy com biscoitos servido pela mãe às 21h, depois de "O Sheik de Agadir". Ou a aventura de morar num apê tipo já-vi-tudo em Botafogo - o mobiliário consistindo de uma estante de tijolos com uma ripa de madeira por cima (roubados de alguma construção vizinha) e de uma esteira de praia à guisa de cama - pelo quarto acolhedor e quentinho que ocupava desde guri no vasto apartamento dos pais.
Nenhum garoto de 1968 trocaria a canja de galinha do Beco da Fome, em Copacabana, às 4h, pelo toddy com biscoitos servido pela mãe às 21h, depois de "O Sheik de Agadir". Ou a aventura de morar num apê tipo já-vi-tudo em Botafogo - o mobiliário consistindo de uma estante de tijolos com uma ripa de madeira por cima (roubados de alguma construção vizinha) e de uma esteira de praia à guisa de cama - pelo quarto acolhedor e quentinho que ocupava desde guri no vasto apartamento dos pais.
Quem chegasse à provecta idade de 20 anos e não tivesse endereço próprio era tido como anormal - a norma era entrar para a faculdade aos 18 ou 19, arranjar um emprego e ir à vida, como até as meninas estavam fazendo. As vantagens de morar sozinho eram poder ir ao banheiro com a porta aberta, namorar a qualquer dia e hora e promover reuniões para derrubar a ditadura ou para escutar o disco novo da Nara, o que viesse primeiro.
Hoje, há marmanjos de até 40 anos morando com a mãe, na Europa, nos EUA e no Brasil. Na Itália são chamados de "mammoni" (filhinhos da mamãe); na Espanha, de "ni-ni" ("ni estudian, ni trabajan"); na Inglaterra, de "kidults" ("kids", crianças, com adultos). Eles se defendem: formaram-se, gostariam de trabalhar, mas o mercado é cruel, não consegue assimilá-los, são desempregados crônicos e não têm como pagar aluguel, comprar um imóvel nem pensar.
E, além disso, ninguém cozinha como a mamãe.
Fonte: Folha de S. Paulo, 22.II.10
minha mãe faz o melhor macarrão do mundo.
copiei esse artigo desse excelente blog http://napocalipse.blogspot.com/
2 comentários:
Pô, é cruel que apareça uma visita ao meu blog originária deste post aí. Não sou eu que moro com minha mãe, ela que mora comigo!
E quando sua mãe mora com vc e não vc com ela , no final das contas , muda o quê?
Postar um comentário