PROVA PSICOLOGIA CEPISA -CONSULPLAN 2007
Questão
24) No depoimento: “Eu não sinto emoções. Acabaram-se as minhas emoções. Desejo sentir emoções. Ouvir música e sentir emoções. Preciso de remédio que me faça sentir emoções”.Assinale a alternativa que corresponde a esta alteração da afetividade:
A) Hipotomia.
B) Sentimento de falta de sentimento.
C) Sentimento de insuficiência.
D) Apatia ou indiferença afetiva.
E) Sentimento sem objeto
Entre as alterações da afetividade, estudam-se as seguintes:
Hipertimia
Na hipertimia ou estado de ânimo morbidamente elevado, distinguem-se a euforia e a exaltação afetiva patológica.
A euforia simples se traduz por um estado de completa satisfação e felicidade. Verificam-se elevação do estado de ânimo, aceleração do curso do pensamento, loquacidade, vivacidade da mímica facial, aumento da gesticulação, riso fácil e logorréia.
Na exaltação patológica há não só euforia, mas, também, aumento da convicção do próprio valor e das aspirações. Vai acompanhada de aceleração do curso do pensamento, que pode chegar à fuga de idéias, desviabilidade da atenção e certa facilidade para passar rapidamente do pensamento à ação. Nos estados de exaltação patológica os enfermos dão a impressão de mais jovens, há aumento do turgor vitalis, manifestações de apetite voraz e de excitação sexual, insônia, grande facilidade dos movimentos expressivos e tendência irresistível à ação.
Hipotimia
Na hipotimia ou depressão patológica, verifica-se o aumento da reatividade para os sentimentos desagradáveis, podendo variar desde o simples mal-estar até o estupor melancólico. Caracteriza-se, essencialmente por uma tristeza profunda e imotivada, que se acompanha de lentidão e inibição de todos os processos psíquicos. Em suas formas leves, a depressão se revela por um sentimento de mal-estar, de abatimento, de tristeza, de inutilidade e de incapacidade para realizar qualquer atividade. Nas formas graves, os doentes apresentam um estado de profundo abatimento: fisionomia triste, traços contraídos, atitude em semiflexão.
Apatia ou indiferença afetiva
Indiferença afetiva é uma completa ausência de "sensibilidade moral" são observadas em certas personalidades anormais (os psicopatas), especialmente naqueles indivíduos os quais Kurt Schneider chama "insensíveis". Diz Schneider: "São indivíduos destituídos de compaixão, de vergonha, de sentimento de honra, de remorso e de consciência".
Exemplo - "A minha condição espiritual, a situação dos meus sentimentos é incompreensível, é um estado de impossibilidade de sentir emoções. Não posso, mesmo que queira, experimentar amor ou ódio; não tenho nenhuma espécie de emoções, não consigo sentir alegria, por exemplo, nem muito menos tristeza; não tenho medo de nada, nem de ninguém, nem de nenhum perigo. Quando houve o tremor de terra na semana passada, eu me encontrava no salão de bilhar e todos saíram correndo no maior desespero. Eu permaneci completamente indiferente, apesar de compreender o perigo a que estava exposto."Manifestações de indiferença afetiva são também observadas nos neuróticos. Na melancolia, o desinteresse pelas coisas do mundo exterior revelado pelos enfermos pode conduzir ao erro de considerá-los como casos de apatia esquizofrênica.
Psicopatologia da Infância e da Adolescência
Sentimento de falta de sentimento
Em pacientes esquizofrênicos observa-se o curioso fenômeno do sentimento de falta de sentimento. Os enfermos se queixam de que não experimentam sentimentos de espécie alguma, de que não sentem ânimo para participar de festas ou de qualquer tipo de distração. Recusam ir às sessões de praxiterapia ou a diversões ou passatempos promovidos no meio hospitalar. Um dos nossos enfermos nos disse certa ocasião: "Eu não sinto emoções. Acabaram-se as minhas emoções. Desejo sentir emoções. Ouvir música e sentir emoções. Passe um remédio que me faça sentir emoções."
(suponho que a diferença entre a apatia e a o sentimento da falta de sentimento seja na queixa, no desejo de sentir)
Sentimento de insuficiência
Os enfermos deprimidos manifestam alterações dos sentimentos no sentido de uma espécie de "sentimento de insuficiência", que os incapacita para a prática de qualquer ação.
Diz Jaspers que a consciência de ser inútil para o mundo real, incapaz para qualquer ação necessária, inapto para determinar-se, a indecisão, o sentimento de não ser capaz, de não poder pensar, de ter perdido a memória, causam um profundo sofrimento ao paciente. Nem sempre essas queixas correspondem a uma insuficiência real, ou podem existir em grau moderado. Correspondem, provavelmente, à inibição geral que acompanha os casos de depressão.
Sentimentos sem objeto
Em determinados casos é possível observar o aparecimento de sentimentos sem objetos, pelo menos na aparência, mas que ocasionam profundo sofrimento aos pacientes. Nas depressões endógenas pode-se verificar uma espécie de angústia indeterminada, que não se encontra ligada a nenhum fato real, à qual Bleuler denominou "angústia flutuante"
Sentimentos inadequados
Em pacientes esquizofrênicos, algumas vezes, as reações são inteiramente inadequadas aos estímulos. Acontecimentos que, normalmente, produzem reação intensa em indivíduos sãos, podem ocasionar, nesses enfermos, uma reação paradoxal; os fatos podem ser acompanhados da mais completa indiferença, ou, em determinadas circunstâncias, fatos banais provocam intensas reações afetivas. Um enfermo hebefrênico assim se referiu à morte do pai: "Na ocasião eu me encontrava em casa, acompanhei o funeral e fiquei muito satisfeito porque não era a mim que estavam enterrando. Agora me encontro enterrado vivo."
Bleuler descreveu a inadequação dos sentimentos com a denominação de "dissociação afetiva" como uma dissolução das lógicas dos sentimentos.
Qualidades novas dos sentimentos
Nos quadros de estado de defeito da esquizofrenia é muito comum verificar-se que o enfermo revela sentimentos e estados de ânimo qualitativamente novos, na maioria das vezes indefinidos e incompreensíveis. Os pacientes fazem referência a sentimentos de pavor, desespero, de solidão, de desprezo social, ou a sentimentos de beatitude e de iluminação divina.
Pânico
O pânico consiste numa vivência de extraordinária repercussão psíquica, tão intensa em certos casos que se tem tentado denominá-la de reação neurótica de pânico
Baelz chamou de estupor emotivo a uma intensa comoção psíquica originada pelo medo. Caracteriza-se pela cisão dos processos psíquicos afetivos, paralisia dos sentimentos e ligeira obnubilação do sensório. O indivíduo permanece apático e indiferente, porque não pode chorar, nem expressar nenhum sentimento. Manifesta-se imediatamente depois da comoção.
No Transtorno do Pânico é importante a identificação do, assim chamado, ataque de pânico. Neste momento, o sentimento de abandono do indivíduo é tão intenso que impede nossa comunicação ou qualquer outra abordagem consigo.O pânico vem acompanhado de uma revolução autonômica: taquicardia, sudorese, tremores, falta de ar, dor no peito, náusea, ondas de calor e arrepios, despersonalização e por aí vai. No homem o mais comum é a sensação de morte iminente, em geral, por infarto do miocárdio; nas mulheres, a mais temida é a sensação de estar enlouquecendo.
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