15 de fevereiro de 2015

O Psicologo Hospitalar e a Gestalt - Terapia


Há alguma especificidade do trabalho do Gestalt Terapeuta no contexto hospitalar?



     A Gestalt -Terapia se caracteriza por ser uma abordagem como uma compreensão própria da relação terapêutica ,uma de suas maiores contribuições talvez seja apontar elementos no trabalho e postura do psicólogo hospitalar que contribuam para um vinculo específico que seria produzir um diálogo genuíno em um ambiente tão árido e hostil como o de um hospital geral. 

    Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2009) o Psicólogo Hospitalar tem sua função centrada no âmbito secundário e terciário de atenção a saúde, atuando em instituições de saúde e realizando atividades como: atendimento psicoterápico, grupos psicoterapêuticos, grupos de profilaxia, atendimento em ambulatório, unidade de terapia intensiva, em pronto atendimento, enfermarias, psicomotricidade no contexto hospitalar, avaliação diagnóstica, psicodiagnóstico, interconsultas , e em consultoria nestes contextos.

    Na Gestalt-Terapia o diálogo é fundamental para a existência humana e característica essencial da relação terapêutica, esse diálogo constitui-se a partir da possibilidade da existência da relação mútua entre psicólogo e paciente, porém para o estabelecimento do diálogo são necessários dois elementos fundamentais, a presença e a inclusão. 

    Entende-se por presença uma atitude do psicólogo na qual este se revela como uma pessoa autêntica, é estar na relação abrindo-se existencialmente para que o outro possa se apoiar em seu self como caminho de autopercepção ou seja é um estar consciente de si para e na relação; na inclusão há uma busca de posicionar-se na experiência do cliente, sem julgar, analisar ou interpretar, estes dois elementos juntamente com a atitude Eu-tu funcionando no aqui-agora objetiva facilitar a ressignificação de sua condição existencial e de sua conscientização, abrindo a possibilidade da auto -aceitação quanto a sua experiência frente ao desconhecido, a dependência de uma equipe, ás (im) possibilidades de tratamento e ás limitações que possa vivenciar advindas de sua patologia e hospitalização. 

  Outro ponto importante a destacar é que o corpo na Gestalt-Terapia é um campo expressivo, um lugar de organização de novos sentidos, o corpo doente não é apenas um organismo acometido de patologias mas é um corpo experienciado por um doente, como um doente, dotado de uma função na relação desse sujeito com o mundo em contraposição a visão da saúde que trabalha com o paradigma cartesiano da separabilidade corpo-mente.  

  No contexto do diálogo no hospital existem dificuldades como as enfermarias como espaços públicos diferente da privacidade dos consultórios, a rotatividade dos pacientes, o pouco ou exíguo tempo de contato, delimitado pelo tempo de internação, infindáveis interversões médico hospitalares, a intervenção sendo realizada junto com familiares e, ou outros profissionais. Essas são características do trabalho no âmbito hospitalar que devem ser contornadas com experiência, estudos teóricos e vontade, usando o aqui-agora, uma atitude Eu-Tu e criatividade encontrada com frequência nesta abordagem.





Resumo do ótimo artigo:

FREITAS, J. L.; STROIEK, N. N. ;BOTIN, D. Gestalt- terapia e o diálogo psicológico no hospital: uma reflexão. revista da Abordagem Gestáltica - XVI(2): 141-147, Jul- Dez, 2010.

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