O id
O id foi concebido como um conjunto de conteúdos de
natureza pulsional e de ordem inconsciente, constituindo o polo psicobiológico da
personalidade. É considerado a reserva inconsciente dos desejos e impulsos de
origem genética, voltados para a preservação e propagação da vida. Contém tudo
o que é herdado, que se acha presente no nascimento, acima de tudo os elementos
instintivos que se originam da organização somática. Do ponto de vista
“topográfico”, o inconsciente, como instância psíquica, virtualmente coincide com
o id. Portanto, os conteúdos do id, expressão psíquica das pulsões, são inconscientes,
por um lado hereditários e inatos e, por outro lado, adquiridos e recalcados.
Do ponto de vista “econômico”, o id é, para Freud, a fonte e o reservatório de
toda a energia psíquica do indivíduo, que anima a operação dos outros dois
sistemas (ego e superego).
Do ponto de vista “dinâmico”, o id interage com as funções
do ego e com os objetos, tanto os da realidade exterior como aqueles que, introjetados,
habitam o superego. Do ponto de vista “funcional”, o id é regido pelo princípio
do prazer, ou seja, procura a resposta direta e imediata a um estímulo
instintivo, sem considerar as circunstâncias da realidade. Assim, o id tem a função
de descarregar as tensões biológicas, regido pelo “princípio do prazer”.
O ego
O ego se desenvolve a partir da diferenciação das
capacidades psíquicas em contato com a realidade exterior. Sua atividade é, em parte,
consciente (percepção e processos intelectuais) e, em parte, pré-consciente e
também inconsciente. É regido pelo princípio da realidade, que é o fator que se
incumbe do ajustamento ao ambiente e da solução dos conflitos entre o organismo
e a realidade. O ego lida com a estimulação que vem tanto da própria mente como
do mundo exterior. Desempenha a função de obter controle sobre as exigências das
pulsões, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa
satisfação para ocasiões e circunstâncias mais favoráveis ou reprimindo parcial
ou inteiramente as excitações pulsionais.
Assim, o ego atua como mediador entre o id e o mundo
exterior, tendo que lidar também com o superego, com as memórias de todo tipo e
com as necessidades físicas do corpo. Como o ego opera de acordo com o
princípio da realidade, seu tipo de pensamento é verbal e se caracteriza pela
lógica e pela objetividade. Dinamicamente, o ego é pressionado pelos desejos
insaciáveis do id, pela severidade repressiva do superego e as ameaças do mundo
exterior. Assim, a função do ego é tentar conciliar as reivindicações das três
instâncias a que serve, ou seja, o id, o mundo externo e o superego. Para
Freud, estamos divididos entre o princípio do prazer (que não conhece limites)
e o princípio de realidade (que nos impõe limites). Com referência aos
acontecimentos externos, o ego desempenha sua função armazenando experiências
sobre os diferentes estímulos na memória e aprendendo a produzir modificações
convenientes no mundo externo em seu próprio benefício. A teoria psicanalítica
procura explicar a gênese do ego como um sistema adaptativo, diferenciado a
partir do id em contato com a realidade exterior.
O
superego
O
superego desenvolve-se a partir do ego, em um período que Freud designa como
período de latência, situado entre a infância e o início da adolescência. Nesse
período, forma-se nossa personalidade moral e social. O superego atua como um
juiz ou um censor relativamente ao ego. Freud vê na consciência moral, na auto-observação,
na formação de ideais, funções do superego. Classicamente, o superego constitui-se
por interiorização das exigências e das interdições parentais. Num primeiro
momento, o superego é representado pela autoridade parental que molda o desenvolvimento
infantil, alternando as provas de amor com as punições, geradoras de angústia.
Num segundo tempo, quando a criança renuncia à satisfação edipiana, as
proibições externas são internalizadas. Esse é o momento em que o superego vem
substituir a instância parental por intermédio de uma identificação da criança
com os pais. Freud salientou que o superego não se constrói segundo o modelo
dos pais, mas segundo o que é constituído pelo superego deles. O superego
estabelece a censura dos impulsos que a sociedade e a cultura proíbem ao id,
impedindo o indivíduo de satisfazer plenamente seus instintos e desejos. É o
órgão psíquico da repressão, particularmente a repressão sexual.
FONTE:
LIMA, A. P. O
modelo estrutural de Freud e o cérebro: uma proposta de integração entre a psicanálise
e a neurofisiologia. Rev Psiq Clín. 2010;37(6):270-7. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rpc/v37n6/a05v37n6.pdf>
Nenhum comentário:
Postar um comentário