7 de junho de 2009

O UIRAPURU


Duas índias muito amigas, viviam andando juntas para todos os lados, desde o amanhecer até ao entardecer. Um dia as duas viram um jovem cacique, muito bonito, e ambas se apaixonaram por ele, sem dizer nada uma à outra. Apenas deram a entender que estavam apaixonadas, mas sem dizer por quem. O tempo foi passando até que um dia revelaram a verdade uma à outra, sendo que ambas ficaram estupefatas com o fato de amarem o mesmo homem. Decidiram que deixariam o cacique decidir, e a preterida se conformaria.

A história do amor das duas se espalhou pela aldeia, e os mais velhos resolveram perguntar ao cacique qual das duas ele amava. O cacique, envergonhado, respondeu que gostava das duas. Como não era permitido casar-se com as duas, ficou decidido que haveria um concurso de arco e flecha entre as duas no dia seguinte. No dia seguinte, o cacique avisou que aquela que conseguisse acertar a ave indicada por ele, em pleno vôo, se tornaria sua esposa. Quando uma ave muito branca passou voando alto, o cacique disse: - É essa! As duas atiraram, mas somente uma acertou.

A que perdeu parecia conformada, mas aborrecida. O casamento foi realizado. A índia que perdeu foi ficando cada vez mais triste. Procurou um lugar distante e começou a chorar. Chorou tanto, que suas lágrimas se transformaram num riacho. Tupã, ao perceber tanta tristeza, aproximou-se, e a moça contou-lhe tudo. Tupã lembrou-lhe que saber perder é uma vitória, ao que a moça lhe disse que o que mais a afligia era a saudade que sentia da amiga e do cacique, mas que não tinha coragem de vê- los, pois perceberiam sua tristeza. Perguntou a Tupã se não podia transformá-la em pássaro, pois assim poderia observá-los sem que eles soubessem.

Compadecido, Tupã fez-lhe a vontade, e no lugar em que a moça estava surgiu um passarinho de aparência tão simples, que não chamava a atenção. O pássaro voou até a oca do cacique, e ficou ainda mais triste ao vê-los tão felizes. Tupã compadeceu-se novamente, chamou o passarinho e lhe disse: - De agora em diante, você será o uirapuru. Seu canto será tão bonito que a fará esquecer a própria tristeza. Quando os outros pássaros a ouvirem, não resistirão, e ficarão em silêncio. E assim é, até hoje: quando o uirapuru canta, os pássaros em volta se emudecem para ouvir seu belíssimo canto...


Fonte:
http://pt.shvoong.com/humanities/1729166-lendas-brasileiras-uirapuru-amaz%C3%B4nia/

Um comentário:

Maria disse...

Gosto tanto destas histórias...

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