28 de abril de 2010

Associação livre

Acreditando na sincronicidade, acabei de assistir o filme O nono dia, sobre um padre preso num campo de concentração nazista, que recebe uma licença de 9 dias, durante esses nove dias ele tem permissão de voltar a Luxemburgo, onde é pressionado a apoiar o regime nazista, e assim salvar sua vida, a de sua família, e de todos os outros que ele convencesse a também apoiar publicamente o nazismo.
 E você, o que faria?.

Meu computador estava sem internet e tive um surto literário, li um livro a cada dois dias, o que mais me chamou atenção foi o livro A roda viva, autobiografia de Elizabeth Kubler - Ross, principalmente o capítulo que fala de sua visita ao campo de extermínio nazista Majdanek, onde se desenrola a seguinte cena:

Mas por quê?
Como era possível?
Era inconcebível para mim. (...) Como homens e mulheres podem fazer coisas assim uns aos outros?(...) Naquela ocasião, queria apenas compreender como seres humanos podem agir de forma tão criminosa com relação a outros seres humanos, em especial a crianças inocentes.
Então, o silêncio que envolvia meus pensamentos foi interrompido. Ouvi a voz clara, calma e segura de uma jovem respondendo à minha pergunta. O nome dela era Golda.
- Você também seria capaz de fazer isso - disse.
Eu queria discordar, mas estava tão aturdida que nenhum som saiu de minha boca.
- Se tivesse sido criada na Alemanha nazista - acrescentou. Tive vontade de gritar que não concordava com o que ela dizia. Eu, não! Eu era uma pacifista. Tinha sido criada por uma boa família num país pacífico. Nunca conhecera a pobreza, a fome ou a discriminação. Golda leu isso tudo em meus olhos e, com convicção, replicou:
- Ficaria surpresa se soubesse o que é capaz de fazer. Se tivesse crescido na Alemanha nazista, poderia ter facilmente se transformado no tipo de pessoa que faria isso. Existe um Hitler em cada um de nós.

Imediatamente me veio à lembrança a reportagem do fantástico sobre Uganda, um dos países da áfrica que possui leis que punem os homossexuais, Uganda possui um projeto que conta com apoio da população, de incluir entre as punições a pena de morte. A associação como se diz é livre, a morte de milhares de judeus e opositores ao regime nazista em campos de concentração foi uma catástrofe inominável, e em minha opinião, até hoje incomparável, mas o que fica, o que se enfatiza, é a idéia de que temos um Hitler em cada um de nós.

Vejo isso quando condenamos as pessoas por que são diferentes (por que estão em casas de detenção, por que estão com o corpo pintado, por que se vestem diferente, por que não comem carne, não torcem pelo mesmo time de futebol, ou por que não querem acordar todo dia de manhã e bater o ponto, que agora é eletrônico e digital.

Quando penso que é a “modernidade” e o quanto ela é inevitável, ao assistir uma reportagem aqui pertinho, no Brasil mesmo, sobre o caso de populações indígenas desesperadas por que ficarão inevitavelmente com suas reservas naturais comprometidas e destruídas pela construção de usinas e ferrovias, o que significa para eles vida e morte.

Poderia enumerar milhares de diferentes problemas, e calamidades que acontecem todos os dias, no meu país, na minha cidade, no meio bairro, no entanto o que me faz refletir é a ação desencadeada por todos esses eventos. Acompanhe comigo.

Veja a cena:

Atenção concentrada.

Sensibilização.

A TV se desliga.


Saiba mais:

2 comentários:

j.qualquercoisa disse...

HUHUHU...
texto muito intenso! Nada como a relatividade, como já diria meu amigo Einstein.

Bjs

http://pravariar2.blogspot.com/ disse...

seu blog é muito interessante e bem feito.
e olha que não costumo simpátizar muito com colegas, pois a maioria só sabe falar de diagnóstico e estatística.
PARABÉNS!

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