Quem
tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele
soprando sulcos?
soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com
uma navalha fina
uma navalha fina
sem
raiva nem rancor
raiva nem rancor
o
tempo riscou meu rosto
tempo riscou meu rosto
com
calma
calma
(eu
parei de lutar contra o tempo
parei de lutar contra o tempo
ando
exercendo instantes
exercendo instantes
acho
que ganhei presença)
que ganhei presença)
acho
que a vida anda passando a mão em mim.
que a vida anda passando a mão em mim.
a
vida anda passando a mão em mim.
vida anda passando a mão em mim.
acho
que a vida anda passando.
que a vida anda passando.
a
vida anda passando.
vida anda passando.
acho
que a vida anda.
que a vida anda.
a vida
anda em mim.
anda em mim.
acho
que há vida em mim.
que há vida em mim.
a
vida em mim anda passando.
vida em mim anda passando.
acho
que a vida anda passando a mão em mim
que a vida anda passando a mão em mim
e
por falar em sexo quem anda me comendo
por falar em sexo quem anda me comendo
é
o tempo
o tempo
na
verdade faz tempo mas eu escondia
verdade faz tempo mas eu escondia
porque
ele me pegava à força e por trás
ele me pegava à força e por trás
um
dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se
você tem que me comer
você tem que me comer
que
seja com o meu consentimento
seja com o meu consentimento
e
me olhando nos olhos
me olhando nos olhos
acho
que ganhei o tempo
que ganhei o tempo
de
lá pra cá ele tem sido bom comigo
lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem
que ando até remoçando.
que ando até remoçando.
Viviane Mosé, Poema do livro “Pensamento do Chão”
Um comentário:
Lindo poema. Obrigada por compartilhar.
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