19 de fevereiro de 2009

Regressão



Dá-se a regressão:“Quando, num sonho, uma idéia é novamente transformada na imagem sensorial de que originalmente se derivou, isto é, quando se produz alucinatoriamente a experiência original” (pág. 81).

Por que o sonho se apresenta como uma história confusa e desconexa?

Por que o sonho é um fenômeno regressivo, a excitação ao retornar da extremidade motora do aparelho até a extremidade sensória atingindo o sistema perceptivo, passa do Pcs/Cs para o Ics onde as relações lógicas do Pcs/Cs não possuem nenhum valor.

Como fenômeno regressivo o sonho seria o resultado da atração exercida pelas marcas mnêmicas das experiências infantis que lutariam por encontrar uma expressão atual na consciência “o que ‘atrai’ é um fato real vivido na infância e cujo traço é reinvestido. A ‘cena infantil’ à qual Freud se refere é uma cena real; a fantasia desempenha, nesse caso, um papel secundário” (pág. 82). Freud afirma que o sonho também ocorre uma regressão à própria infância da espécie, “é nesse ponto que o sonho se encontra com o mito, ambos sendo expressões dissimuladas do desejo” (pág. 83).

Freud vai diferenciando a noção de regressão resultando em três espécies:

1. Regressão tópica: No sentido tópico, a regressão é o retorno da excitação, através dos sistemas que compõe o aparelho psíquico, do pcs/cs para o ics.

2. Regressão temporal: Designa o retorno do individuo a estruturas psíquicas mais antigas.

3. Regressão formal: Designa a passagem a modos de expressão mais primitivos.

“As três espécies de regressão se implicam mutuamente, a ponto de podermos dizer que são, no fundo, apenas uma, pois o que é mais antigo no tempo, é, em geral, mais primitivo na forma e está mais próximo da extremidade perceptiva”. (pág. 82).

A realização de desejos (sonho como realização de desejos)

Um desejo é uma idéia ou um pensamento, o material disponível à elaboração onírica consiste em pensamentos, esses pensamentos precisam ser distorcidos para não serem identificáveis pela consciência, “é esse material ideativo que constitui o conteúdo latente do sonho, que, transformado pela elaboração onírica, vai aparecer como conteúdo manifesto” (pág. 84).

De onde se originam os desejos que se realizam nos sonhos?

1. Restos diurnos não satisfeitos: Desejos despertos durante o dia e que por algum motivo externo não foram satisfeitos, pertencem ao pcs/cs.

2. Restos diurnos recalcados: Desejos que surgiram durante o dia, que foram suprimidos, pertencentes ao Pcs/cs que foram transferidos para o Ics.

3. Desejos que pertencem ao Ics e emergem durante o sono.

4. Desejos oníricos que são impulsos decorrentes de estímulos noturnos (fome, sede, sexo, etc.).

Sendo que nem todos os desejos são capazes de produzir um sonho, os desejos capazes de produzir um sonho são os que pertencem ao ICS.
“Para que um desejo pré-consciente funcione como induzidor de um sonho, faz-se necessário que ele se apóie sobre um desejo inconsciente” (pág. 85).

Os desejos provenientes do sistema inconsciente encontram-se disponíveis para a expressão consciente, mas são impedidos pela censura, ela pode ser burlada quando o desejo inconsciente transfere sua intensidade para um impulso do consciente cujo conteúdo ideativo funcione apenas como um indicador do desejo original.

O caminho percorrido pelo desejo na formação do sonho:

Um desejo inconsciente (depois da transferência para os resíduos diurnos) abandona o Ics e penetram no Pcs/Cs, mas sua progressão é detida pelo sono do Pcs/Cs, “a partir daí, o processo é invertido e tem início seu caminho regressivo cuja força propulsora é a atração exercida pelos grupos de lembranças inconscientes. Não havendo nada que detenha o processo regressivo, ele termina na ativação do sistema perceptivo, produzindo de modo alucinatório, a realização do desejo”. (pág. 85).

Como explicar o fato de que há sonhos desagradáveis?

Por que é mais fácil para a elaboração onírica alterar o conteúdo do sonho do que o sentido dos afetos.

Os pensamentos oníricos aflitivos são transformáveis pelo trabalho do sonho, mas os afetos, mais resistentes à mudança, podem permanecer inalterados no sonho manifesto”. (pág. 86).
Outra questão seria a quem o sonho deve proporcionar prazer, se o sonhador que deseja, repudia e censura seus desejos?"As exigências do Ics não são as mesmas do Pcs/Cs. O mesmo acontecimento pode provocar prazer a nível do sistema inconsciente e ansiedade a nível do sistema pré-consciente” (pág. 86).

O caráter desagradável do sonho vem do fato que seu conteúdo escapou, em parte, à ação da censura, esse desejo inconsciente é inaceitável a consciência produzindo assim, ansiedade. Existem também os sonhos de punição, eles são desagradáveis, e são realizações de desejo. “O desejo do sonhador de se punir por ter um desejo proibido” (pág. 86).





in GARCIA-ROZA, A. Freud e o Inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, págs 81 a 86.

2 comentários:

stella maris disse...

blog excelente! parabéns!

Anônimo disse...

Conteúdo de difícil compreensão. Há textos mais acessíveis sobre sonhos e regressão.

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