16 de setembro de 2008

ALTERAÇÕES NA AFETIVIDADE -FINAL


Hipertimia
Hipotimia
Apatia ou indiferença afetiva
Sentimento de falta de sentimento
Sentimento de insuficiência
Sentimentos sem objeto
Sentimentos inadequados
Qualidades novas dos sentimentos
Pânico


Sentimentos de presença

O enfermo tem a certeza imediata de que alguém está ao seu lado, atrás dele, sente a presença de alguém que nun­ca é visto, porém está certo de que está próximo ou se afasta. Santa Margarida Maria, modesta freira da Ordem da Visitação, a par­tir de certa época "renunciou a todos os seus desejos naturais de felicidade, de estima e de repouso, pela doação constante de si mesma". Durante esta fase começou a perceber algo estranho e indefinível, uma espécie de senti­mento de presença, como se o Senhor estivesse sempre ao seu lado. Não O via com os olhos, nem ouvia a Sua voz, mas tinha a certeza de que Ele a acompanhava em todos os lugares. "Sentia-O como se estivesse continua­mente junto dela, e este sentimento causava-lhe a consternação mais pro­funda, revelando-se até nas suas atitudes físicas, pois, quando só, conservava­-se prostrada no chão ou de joelhos."

Irritabilidade patológica

Bleuler considera a irritabilidade patológica como uma predisposição especial ao desgosto, à ira e ao furor. Observa-se com freqüência em neurastênicos, nos quais o sintoma bem característico é a chamada "debilidade irritável". Os enfermos manifes­tam impaciência, irritabilidade, aumento da capacidade de reação para deter­minados estímulos e intolerância pelos ruídos. Nesses casos, como Bumke salientou, a perturbação consiste, na realidade, no aumento da tonalidade afe­tiva própria das percepções: tanto assim que se pode verificar certa contradi­ção na conduta dos doentes, os quais sofrem mais com a falta de considera­ção do ambiente do que propriamente com os ruídos produzidos no meio ex­terior.
Nas personalidades anormais (psicopatas) explosivas, o sintoma principal é a irritabi­lidade patológica. Nesses anômalos existe um grau elevado de reatividade emo­tiva, unido a uma extraordinária tensão afetiva, que se descarrega sob a for­ma de reações de tipo "curto-circuito": paroxismos coléricos ou furiosos que põem em perigo a vida de pessoas do ambiente. Esses indivíduos, por exem­plo, ouvem uma palavra qualquer e, antes que tenham compreendido o seu verdadeiro sentido, reagem de maneira explosiva, respondendo com insultos ou com atos de violência.

Curso de Psicopatologia da infância e Adolescência.

Tenacidade afetiva

Tenacidade afetiva consiste na persistência anormal de certos estados afetivos, como o ressentimento, o ódio e o rancor. Em virtude dessa fixação prolongada de sentimentos desagradáveis, o enfermo está sempre de mau humor e encara todos os aconteci­mentos da vida através de um prisma pessimista. Bleuler chamou a atenção para o fato de que, na epilepsia, os estados emotivos de excitação, uma vez estabelecidos, duram um tempo anormalmente longo, ainda que possam ocor­rer no mesmo período certos acontecimentos que, por sua natureza, desper­tam sentimentos agradáveis. "Um pequeno desgosto" - diz Bleuler - "po­de durar dias em um deficiente mental. Tais enfermos têm uma ductilidade afetiva muito pequena. Em pessoas que não estão doentes mentalmente, pode-se observar uma duração excessiva dos estados emotivos, fazendo com que não possam sair de uma distimia e, por exemplo, devam levar sempre consigo um ódio."

Instabilidade afetiva

A instabilidade afetiva é um estado especial em que se produz a mudança rápida e imotivada do humor, sempre acompanhada de extraordinária intensidade da reação afetiva, que se processa com duração muito limitada.

Incontinência emocional

A incontinência emocional é uma forma de alte­ração da afetividade que se manifesta pela facilidade com que se produzem as reações afetivas, acompanhadas de certo grau de incapacidade para inibi-Ias. Diz Bleuler, que a maioria dos pacientes com incontinência emocional, apresenta uma falha de autocontrole. Tem de ceder diante dos acontecimentos mais insignificantes, tanto no que se refere a sua expres­são como à ação que deles se deriva. Bleuler cita o exemplo de um deficiente mental que não podia jogar cartas porque denunciava seu jogo com a fisiono­mia

Sugestibilidade patológica

É uma alteração de ordem tanto afetiva quan­to volitiva. Trata-se de uma predisposição psí­quica especial, que determina uma receptividade e uma submissão muito fáceis às influências estranhas exercidas sobre o indivíduo. No terreno pura­mente psíquico, encontra-se a sugestibilidade nos histéricos, razão pela qual se tornam esses enfermos muito favoráveis à produção de estados hipnóti­cos, de sintomas somáticos e até mesmo de sintomas psicóticos - as cha­madas perturbações mentais induzidas ou por contágio mental. Em alguns histéricos, a sugestibilidade é exercida tanto no domínio da vida interior (au­to-sugestibilidade) quanto em relação ao meio exterior (hétero-sugestibi­lidade).

Puerilismo 

O termo puerilismo é empregado em psiquiatria para designar as alterações mentais caracterizadas pela regressão da perso­nalidade adulta ao nível do comportamento infantil. Em conseqüência, o en­fermo adota inconscientemente as atitudes, a linguagem e o estado de âni­mo de uma criança.
Trata-se de uma verdadeira regressão da vida mental aos estágios da in­fância. Essa regressão se exterioriza através da atitude, da mímica, da lin­guagem e das ocupações do enfermo, "traduzindo a natureza pueril de seus sentimentos, gostos, tendências e apetites".
Na descrição de Dupré e Devaux, esse estado se manifesta ligado a pro­fundos transtornos da memória e a um verdadeiro estado demencial. O pueri­lismo é observado, também, em neuróticos (histeria), em casos orgânicos (de­mência senil, tumores cerebrais) e, transitoriamente, "como reação a deter­minadas situações existenciais críticas, em que esse transtorno adquire a sig­nificação de uma defesa neurótica do eu contra a angústia. Em tais casos, não há dissolução definitiva da personalidade adulta, mas apenas um eclipse acidental da mesma, que, não podendo superar a situação presente intolerá­vel, busca refúgio no passado".


Curso de Transtornos de Personalidade

Moria

Bruns e Jastrowitz deram o nome de moria a um estado de excita­ção alegre associado a certo puerilismo mental. Nesses casos os enfermos fazem bufonarias, caretas, não permanecem quietos um só instan­te; o humor é extremamente instável; tornam-se cada vez mais exuberantes, loquazes, riem às gargalhadas.
A moria foi descrita primeiro em casos de lesões do lobo frontal (tumo­res, principalmente) e posteriormente nas demências senis e pré-senis. A intranqüilidade motora e a turvação da consciência são elementos que servem para a distinção entre a moria e a euforia maníaca e a jovialidade e patetice dos hebefrênicos.

Angústia

Blaser e Poeldinger estudaram a evolução do conceito de angús­tia, admitindo que se deve a Kierkegaard a primeira distinção en­tre temor referido a um objeto e angústia livre e flutuante desprovida de obje­to. Esta distinção foi adotada por Karl Jaspers, em edições posteriores de sua Psicopatologia Geral, tendo deixado claro o seu conceito ao escrever: "Sentimen­to freqüente e torturante é a angústia. O medo se refere a alguma coisa. A angústia é sem objeto."
Alguém teme algo ou sente me­do diante de algo, enquanto alguém se angustia, e nestas locuções se ex­pressa que no temor ou no medo o objeto perigoso aparece mais claramente destacado do indivíduo e é percebido, imaginado ou pensado como uma arti­culação e uma delimitação clara e determinada, enquanto na angústia os pro­cessos do conhecimento que a precedem são, freqüentemente, muito mais vagos e indiferenciados, características que correspondem a estratos psíqui­cos mais primitivos."

Ambivalência afetiva

Bleuler descreve as acentuações afetivas opostas nos indivíduos normais. Fala de amor e temor ou ódio que uma pessoa pode ter em relação a outra, dos acontecimentos que se te­mem e são desejados
Honório Delgado define a ambivalência como a "anormalidade das ten­dências em geral, que se caracteriza na esfera intelectual pela coexistência de juízos contraditórios sobre o mesmo objeto, simultânea afirmação e nega­ção, coincidência do oposto". No plano afetivo, a ambivalência "consiste em experimentar sentimentos opostos, simultaneamente e em relação ao mes­mo motivo".
A ambivalência afetiva surge em todas as situações de conflito, espe­cialmente nos neuróticos; mas é na esquizofrenia que a ambivalência se apre­senta com os seus aspectos mais característicos e mais extremos.

Fobias

O termo fobia é definido como "um temor insensato, obsessivo e angustiante, que certos doentes sentem em determinadas situações".
A característica essencial da fobia consiste no temor patológico, que es­capa à razão e resiste a qualquer espécie de objeção. Refere-se a certos obje­tos, certos atos ou certas situações. Podem apresentar-se sob os aspectos mais variados: temor obsessivo aos espaços abertos (agorafobia) ou fecha­dos (claustrofobia), aos contatos humanos ou com animais (cães, ratos, baratas), te­mor de atravessar ruas, de subir ou descer elevadores, de lugares alto

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